terça-feira, fevereiro 10, 2009




Margarida e a tarde em Paris



Margarida está cansada destes sítios.

Caminhos de vidro sempre tão quebradiços. Horizontes exíguos. Nuvens opacas. A cidade passada a papel químico, fotocopiada, reproduzida em resmas e resmas de papel reciclado. Eternamente a mesma. Uma cidade sempre vestida de cinzento. Sem rios e sem surpresas.

- Uma tarde em Paris...

- Em Paris, Margarida ? Uma tarde?

- Uma tarde, sim. Deambular pelos cais. Ficar sentada a olhar as péniches e os bateaux-mouche. Flanar pelo Quartier Latin, entrar na "librairie Gibère -Livres neufs et d'occasion- papetrie".

Cheirar os livros. Folheá-los. Escolhê-los como quem escolhe um amigo.Passar os dedos pelas capas suaves e brilhantes dos cadernos Claire-Fontaine.

-Sair sorrindo com dois sacos cheios e um marcador de leitura : les livres ont plusieurs vies.

- Eu sei, Margarida. E sentar na esplanada do café ali mesmo ao lado, pedir un petit-pain au chocolat e uma chávena de chocolate quente.

- E vê-lo enfim chegar. Uma tarde em Paris.

"Je t'ai apporté une rose, ma chérie".